quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Peregrino

O Peregrino
Raymundo Corrêa (1860 – 1911 )

Em busca de uma pessoa querida vai o cantor perguntando aos pastores,aos regatos,às flores,onde ela está.Ninguém lhe da notícias, mas a pedra de uma sepultura longínqua, si soubesse falar, contava que a pessoa querida morrera.

Zagaes(*) do monte, que um lindo
Rebanho estais a guardar;
- Essa em poz da qual vou indo,
Vós não a vistes passar?

Fonte entre seixos filtrada,
- Não veio ela aqui beber?
Florinhas que orlais a estrada,
- Não vos veio ela colher?

E vós, peregrino bando
De andorinhas a (*) emigrar;
- Essa, em cujo encalço eu ando,
Vós não a vistes passar?

Sem responderem, lá se iam
As andorinhas pelo ar;
E as florinhas não sabiam
Resposta nenhuma dar.

E a água corrente da fonte
Corria sem responder;
E os pobres zagaes do monte
Nada sabiam dizer.

Mas, no fim da estrada, havia
Uma pedra (*)tumular;
Esta, aí! Sim, responderia,
Caso pudesse falar.


Raymundo Corrêa (1860 – 1911 )
É um dos nossos poetas perfeito, e que mais soube aproveitar a melodia de nossa língua.


(*) zagaes, pastores de ovelhas.
(*) emigrar, ir para fora de sua Pátria.
(*) tumular, de túmulo.

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