quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Da Arte De Ser Bom - Mario Quintana

Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta,
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.

VI Soneto - Mario Quintana

Na minha rua hà um menino doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.

Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que canta uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...

Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente...