sábado, 13 de fevereiro de 2010

RUA DA PONTE

Hoje, Rua Clodomiro Amazonas.

A Rua da ponte começa na rua Tabapuã e termina na rua Fiandeiras: Uma rua de terra como a maioria, das ruas do bairro do Itaim. As casas simples, como seus moradores, as cercas vivas de roseiras, ciprestes, hibiscos, etc. Os jardins eram cuidados e regados com carinho todos os dias pelas mulheres, as podas das cercas e das árvores ficavam por conta dos homens, nos sábados ou nos domingos. Nos quintais, eram plantadas árvores frutíferas: ameixeiras, pereiras, abacateiros, mangueiras, bananeiras, videiras, figueiras, e outras.
Na época da colheita, as crianças, animadas, saboreavam as frutas com satisfação, Era costume os vizinhos oferecerem, com alegria, as frutas colhidas, uns para os outros. Abençoado costume! Abençoada partilha!
Nos fundos dos quintais, as famílias cultivavam pequenas hortas: lindos canteiros de
almeirão, escarola, couve, cenoura, tomate, etc.
As pessoas caminhavam livremente, despreocupadas, pois não havia perigo de roubo, assalto, seqüestro, atropelamento, ou morte por assassinato.
As crianças brincavam na rua com carrinhos, peões, bolinhas de gude, petecas ou brincadeiras muito conhecidas na época: barra-manteiga, ciranda-cirandinha, a canoa-virou,
Pepa-pega...
As bicicletas iam e vinham, pra cá e pra lá, o dia todo, utilizadas por homens, mulheres e crianças.
Os veículos que transitavam nessa rua, na maioria eram carroças puxadas por animais e usadas para entregas em domicilio de pão, leite, ovos, verduras, carvão etc.
Havia alguns estabelecimentos comerciais: empórios, açougue, quitanda, ferreiro e a padaria da Dna Celeste, na esquina da rua Tabapuã.
O respeito com a natureza era grande ninguém jogava nada nas ruas, nos rios e nos córregos.
Todo lixo doméstico: as cascas de frutas e dos legumes, as folhas secas das árvores, os restos de comida, as cinzas dos papéis incinerados no fundo dos quintais, eram enterrados e se transformavam em adubo; a latas e garrafas eram vendidas para o garrafeiro que passava freqüentemente.
Na altura do número 500, mais ou menos, um lindo córrego de águas límpidas e claras, com grandes touceiras de bambu nas suas margens que seguravam as suas bordas para não haver desmoronamentos nos dias de chuva. Uma ponte de madeira larga, firme e forte, sobre o córrego, propiciava aos transeuntes atravessá-lo, com segurança. Esse córrego atravessava várias ruas do bairro: rua Tenente Negrão, rua Bibi, rua Tapera, rua João Cachoeira, rua da Ponte. A única rua que tinha uma ponte era a Rua da Ponte. Daí a origem do seu nome.
Além do córrego, da ponte, das singelas casinhas, das cercas vivas, das chácaras de plantas e de flores, que havia, quase no fim da rua. O que dava, também, um encanto especial na rua, da ponte, eram as noites enluaradas, quando seus moradores: brasileiros, portugueses, alemães, italianos, poloneses, japoneses, pessoas vindas das mais diversas regiões, colocavam cadeiras nas calçadas e naturalmente, sentavam
e davam um dedinho de prosa.