sexta-feira, 30 de abril de 2010

CORAGEM

SE (Rudyard Kipling - 1865 – 1936) Tradução de (Guilherme de Almeida)


Se és capaz de manter a tua calma quando todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa; de crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses no entanto achar uma desculpa; se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar- sem que a isso só te atires; de sonhar - sem fazer dos sonhos os teus senhores; Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores; Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste, e as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas, e, refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda sua vida, e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida; de forçar coração, nervos, músculos, tudo a dar seja o que for que neles ainda existe, e a persistir assim quando, exausto , contudo resta a vontade em ti que ainda ordena : “Persiste!”
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes e, entre reis, não perder a naturalidade, e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, Se a todos podes ser de alguma utilidade, e se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho, tua é a terra com tudo o que existe no mundo e o que é mais – tu serás um homem, ó meu filho!

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